E é aqui no quebra-luz que se deve ajoelhar?
Nascia sempre depois das uvas colhidas
Tinha um puro sangue e quando não tinha o gato emprestava a alma
Penetrava nos sonhos vindos de dentro ao ouvir a máquina da cidade anoitecida
Pode a cidade vergar um lírio no meio de campos de bancos esguios
Antes da eternidade?
Os ovos partem-se, os cães ladram em surdina
Os homens e as mulheres casam com as sombras
E nessas noites narcisos crescem entre as ervas
Ele é um lírio branco e branco continuará
As noites frias fazem estátuas
E o lírio chora tanto quanto elas, não pode evitar a eternidade
Mas pode querer não entibiar
E este que se foi fazendo em tons de vermelho páscoa a páscoa
De Açafrão-Da-Terra-Da-Índia
Aquele corpo ferido de morte numa cama de um quarto
De uma casa em pé algures sozinho
Que as noites geladas esquecem
Todos os natais esquecido há de lembrar