Textos de Alberto Moreira Ferreira
Poemas do Móvel, Poesia Doutro Dia, Textos de Alberto Moreira Ferreira
Não sei se volte ou se a vida me fará voltar. Desde o primeiro escrito que penso para mim: eu não quero ser escritor, e desde então não parei de escrever, mas eu não sou nem quero ser escritor. É como se tivesse um amor e um trauma pela despedida e despeço-me da escrita muitas vezes, e volto, e volto para descobrir a natureza interior. Na verdade, confesso que não consigo ver o que escrevo como um produto comercial, é sangue do meu sangue, vida da minha alma azul e vermelha, é o resultado do caminho que, em parte escolhi, e que me calhou em destino, momentos que me vão; foram e continuam libertando lapidando fechando abrindo fazendo pensar exercitando sentindo, o voluntário espiritual, que me tem apontado por definição para uma educação de valores do humanismo, é um ato solitário que me tem trazido, solidão, e o curioso é que o tenho feito para combater essa mesma, solidão, escrevendo para mim, percorrendo as mais diversas etapas abordando matérias da existência escoando a figura do meu ser, e não quero ir ao mundo, mas vou, vou e não vou, sou tímido e criei este espaço onde partilho o porto que chega naturalmente sem o procurar. Se fosse escritor tinha vergonha. Hoje deixo a poesia esperando não estar a enganar-me, logo rumarei a outro porto e não sei se amanhã